Certo dia cheguei no emprego e fui ler minha caixa de e-mails. Pasmo vi algo que parecia uma brincadeira de mau gosto. Havia sido demitido virtualmente. Permeado por indignação aquilo me parecia um momento histórico. Com grande desconfiança me dirigi a uma das minhas chefes para saber o que ocorria, já que a mesma era tão retraída que não tinha coragem sufuciente de me informar sobre a situação.
Neste fatídico dia lembrei de um estudo feito na época do Mestrado sobre o mal-estar proporcionado pela urbanização Pós Revolução Industrial. Durante a pesquisa encontrei descrições de Charles Baudelaire em relação aos primórdios dos transportes coletivos.
“As pessoas não estavam habituadas a encararem umas as outras durante minutos ou horas a fio antes de começarem a usar os transportes coletivos, tais como ônibus ou trens. A situação, longe de ser acolhedora mostrava-se invasiva e desconfortável (como é ainda hoje). Confrontando-se com seus semelhantes, muitas vezes o indivíduo via-se diante de um espelho que deveria lhe mostrar seu pior ângulo, na condição de fragilidade e disposição ao erro”.
O que poderia ser engraçado, preocupa, e lembra os personagens de Antonioni. Blow Up, Zabrinskie Point e Profissão Repórter se assemelham pelo desenvolvimento de caracteres com problemas no campo da comunicação. O final explosivo de Zabrinskie parece a melhor crítica de Antonioni a sociedade americana. Ele estava certo, a auto-destruição capitalista já estava anunciada.
Nesta minha curta existência tenho observado que nossa geração não sabe se comunicar. Engole os próprios sentimentos. A tedência é que tudo piore com os excessos tecnológicos. Encontros e Desencontros são agendados via e-mail. Colegas de trabalho lado a lado conversam via MSN. Celulares e Jogos viram entretenimento em qualquer ocasião. Em um universo tão individualista temos a exposição através do Orkut e do Twitter para que o outro reconheça nossa própria existência. É a via mais fácil, a coragem de seguir pelo caminho das pedras terminou. A razão cientifica assassinou a Mitologia Grega… Os meios de comunicação tiraram as pessoas da rua…
A racionalidade não consegue mais conviver com a criatividade. Diversos índividuos parecem robôs que funcionam em código binário como as máquinas que operam. Mortos-Vivos seguem uma rotina diária e esquecem tudo que os envolvem. Logo esse que vos escreve deve retornar ao mercado de trabalho e cair na mesma armadilha da sobrevivência capitalista.
Bruta racionalidade! Feriram o poeta e mataram sua criatividade.
“I Hope I Die Before I Get Old”
– Pete Towshed, The Who.
My Generation (1967)
“O Twitter não é mais do que a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até ao grunhido.”
José Saramago
Olá, Thiago! Aos poucos vou visitando o seu blog. Adorei esta citação do José Saramago. O filósofo alemão Martin Heidegger, escreveu muito sobre esta era tecnológica e disse, em uma entrevista à revista Der Spiegel, em 1966, que ‘só um Deus poderia no salvar’. Em 2009, a reflexão parece ainda valer. Abraços e apareça no meu blog, voltarei no seu. J. Luiz
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Você e o louco do Heidegger. Será que ele tava falando do Eric Clapton? Clapton is God! Hahaha. Estou em dívida ainda não li seu trabalho do Bergman. Sempre é bem-vindo nesse blog. Apareça mais, a casa é sua! Fique atento logo escreverei sobre A Hora do Lobo! Abraço.
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Eu de novo! Adorei tb. o que vc escreveu: ‘…a coragem de seguir pelo caminho das pedras terminou. A razão científica assassinou a Mitologia Grega…’. Thiago, mas quando postamos em blogs, sempre temos a esperança de não perder a esperança, não é mesmo? Abraços. J. Luiz
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A esperança é a última que morre mas a preguiça parece vencer a maioria! Hahaha. Abraço.
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A preguiça… e o medo, muito medo! Abs.
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